Diz a lenda que Ruy Barbosa, ao chegar em casa um certo dia, ouviu um barulho estranho vindo do quintal.
 Chegando lá, constatou um ladrão tentando levar seus patos de criação.
 Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com seus amados patos, disse-lhe:
 
 - Oh, bucéfalo anácrono!
 Não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa.
 Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à qüinquagésima potência que o vulgo denomina nada.
 
 E o ladrão, confuso, pergunta:
 
 - Dotô, eu levo ou deixo os pato?

 

Autor: André Luiz Renato 

   
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